CONHEÇA MELHOR UM HOMEM APAIXONADO.



O que caracteriza um homem apaixonado é aquele olhar assemelhado a um baiano sonolento, impregnado nos seus olhos, o que lhe determina uma característica especifica, popularmente denominada pela expressão: “olho de Peixe”. Aquele ar de idiota é só uma primeira e precipitada impressão. Ele está amando mesmo!

Eventualmente, homens mesmo não apaixonados podem apresentar tal característica, quando, por exemplo, ele enche a cara de álcool, só que nesse caso, além daquela singela cara, exala um vigoroso bafo etílico - tipo boca de alambique - e a conversa fica, absolutamente, insuportável, pois, o alcoolizado se sente encorajado a falar sobre futebol, política, Grécia antiga, piscinão de Ramos, mulheres andróides, física quântica, psicanálise, corrupção, filosofia clássica, astrofísica contemporânea, genoma humano, nanotecnologia, a recriação do big bang em laboratório, enfim, fala, fala, fala...

Já o apaixonado sóbrio, por estar completamente comprometido com aquela nova realidade das suas emoções, não admite sequer pensar em fugir nenhum minuto das suas fantasias amorosas. Só pensa naquilo e passa a ter um conjunto de comportamentos bem definidos, como falar de uma forma lerda, como se a língua estivesse enrolando no céu da boca e já estivesse cansado só em pensar que não vai conseguir parar de pensar nela.

Anda, como se estivesse pisando em ovos.
Este homem, fica absolutamente ,envolto e escravizado pelos sintomas de um amor eloqüente, é acometido de certa moleza corporal. Precisa ficar encostando-se em tudo, talvez para sentir as pernas nenos bambas e uma pseuda sensação de incômodo na boca do estômago. Fala com os amigos apertando-os, em voz baixa, com voz melosa e arrastada, sem ter pejo ,nem medo, de estar sendo ridículo. Fica um chato e só pensa em dar flores para sua amada.

Só fala em momentos, fatos e significados que só tenham valor para ele, pois são besteiras, inutilidades e notícias que nem as rádios comunitárias se preocupariam em divulgar.

Na maioria das vezes, o apaixonado é hilariante, como por exemplo, quando ele começa a descrever o jeito peculiar e único de como ela tira cera do ouvido, ou o jeito peculiar e único dela passar a mão no seu pescoço dele, o jeito peculiar e único dela estourar com a boca aquelas malditas bolas de chicletes ,o jeito peculiar e único dela ficar enrolando as pontinhas dos cabelos e ficar chupando tudo que lhe alivie a ansiedade.



Eu costumo dizer que este tipo de humano está com seus sistemas operacionais libidinosos, empanturrados de material especifico para uma farta e abundante reprodução da espécie, numa temperatura e pressão acima dos limites máximos permitidos pela fisiologia da normalidade.

Então é preciso expelir ,assim como, também acontece com as águas das grandes represas quando necessitam vazar ,esvaziar, verter e o escambau, devido ao excesso de pressão.


E bota pressão, nisso!

Esse tipo de sujeito enche o saco!

Vive perguntando tudo: o que você acha dele comprar aquele broche com aquela borboleta escarlate de olhinhos amarelos sugando o néctar de uma imitação de flor pendurada naquele galhinho de árvore, para ela?

Ou será que ela iria preferir aquela calcinha com um lindo coração, escrito: ”Gaiola do seu pica-pau”, bem na altura da sua “coisinha”, ou então "joaninhas trepando".
Fala sério!


Um homem não apaixonado, jamais usaria este termo “coisinha” para adjetivar o que normalmente, ele chama de perseguida, perereca ou aqueles outros dez mil nomes dos quais ele não esquece, nenhum !

Só um homem apaixonado chamaria aquilo de “coisinha”.


São absolutamente, hilárias certas colocações do homem apaixonado. O carioca que já fala, normalmente, no diminutivo, o que dirá quando apaixonado.

É o diminutivo do diminutivo, como, por exemplo:

- “Cara a gente estava tomando um chopinho, bem geladinho, e aí dei um beijinho naquela boquinha quentinha e muito gostosinha. Pô, meu irmão, que corpinho, que coxinha. Que mulherzinha. O maior baratinho, aí!”. E quando eles começam a descrever os encantos da parceira?

Então, está na hora de você deixá-lo falando sozinho.

Ele nem vai notar, pois, é um delírio que só os apaixonados se permitem: ficarem falando sozinhos e independente da presença de interlocutores.

O QUE NÃO DEVERIA ACONTECER NO MOTEL



Existem pessoas que vão ao teatro e são incapazes de se concentrar no palco.Olham para as roupas das outras suas jóias, ficam procurando por possíveis conhecidos, querem saber de onde é que está vindo aquele feixe de luz vermelha, olham para trás sorrindo para todo mundo, enfim, sua capacidade de concentração no objetivo principal da atividade é muito reduzido.

Outras entram no cinema com várias latas de refrigerante e aqueles malditos e enormes sacos de pipoca, abrem as latas comem as pipocas e, ainda chutam o cara da frente !
Depois desta guerra toda, afundam na cadeira e começam a dar estouro com a boca mascando o chiclete.
Eu nunca aprendi, a fazer este barulho desgraçado com a boca. Tem que chupar o chiclete para dentro, não é?

Este tipo de gente aqui, sumariamente descrita, quando entra no motel, é pior do que você assistir noventa minutos de futebol e seu time perder de goleada! A sensação é que não aconteceu nada de bom para você, naquele dia.

Carlos Eduardo e Vera Regina se conheceram dois dias atrás e finalmente, estão no motel.

Como demorou, reparem!

Ele pergunta:

Você faz questão que seja suíte, ou pode ser apartamento?

-Pô Carlos Eduardo, vamos comemorar esta primeira vez numa suíte com tudo que temos direito, hidromassagem, piscina... - responde Vera Regina encantada com a portaria do motel e olhando todos os detalhes, querendo ler até os regulamentos, ali fixados por mera formalidade.

Entram na suíte e Carlos Eduardo dá um solavanco e literalmente, joga Vera Regina no leito dos prazeres.Ela se desvencilha daquele primeiro ataque e assombrada diz:

-Carlos Eduardo que suíte maravilhosa! - E como se estivesse no Museu do Louvre começa a comentar as peças.

O cara meio desajeitado levanta e ainda tenta negociar:

-A gente vê tudo depois...

-Espera Carlos Eduardo, parece um tarado. Nunca viu mulher,não? Olha ali aquela borda da piscina. É mármore. Não acredito.Nossa que azulejo lindo!Ah, se eu tivesse uma piscina destas lá em casa, com esta cascata desabando dentro dela.Que bom gosto! – enquanto, olhava, andava pela suíte e entra no banheiro.

-Vera Regina, vai tomar banho?

-O quê, Carlos Eduardo?

-Tomar banho, Vera Regina?

-Depois. Antes venha aqui ver estas peças que maravilhas. Esta suíte é Over Night Luxo Plus , Premium Gold ou Country Executiva?

-Que é isso Vera Regina, eu sei lá.

-Nossa como você é desligado. Está aqui. Neste folheto de propagando do motel. Veja, são as suítes do motel... Ah descobri, finalmente! Estamos na Premium Gold. Vamos ver se eles estão dizendo a verdade nesta propaganda.

-Vera Regina, por favor - pede suplicando Carlos Eduardo para que ela compareça ao local de trabalho.

Mas, ela não está nem aí e continua deslumbrada visitando e fazendo minuciosa inspeção.

-Bem eles dizem que as torneiras são de bronze e elétricas, decoradas estilo golfinho.Tá certo. O piso em mármore preto e azul. Está certo.A duchinha de lavar a "perereca" com três temperaturas e intraducha penetrante higiênica para o interior da “bichinha”.Que diabo é isso Carlos Eduardo, onde está isto aqui nesta ducha?

-Eu sei lá, porra, não tenho "perereca", como é que vou saber desta porcaria de intraducha penetrante - responde visivelmente irritado, colérico e já descontrolado.

-Ah, lógico. Já descobri.A ducha, Carlos Eduardo é só para lavar superficialmente. Agora para usar a intraducha com o elemento penetrante, tem que apertar este botão. Está vendo este tubinho cromado, saindo de dentro da ducha? Não parece o piruzinho dela?-Risos, muitos risos prolongados, e continua:

Então, ele entra na bichinha. Pô muito legal.Mas acho meio perigoso. Sei lá quem andou enfiando isso lá dentro antes, não é Carlos?

Carlos Eduardo, a esta altura já não respondia mais. Nu e de meia preta, fica se olhando no teto onde um espelho imenso dá uma visão panorâmica da cama e da sua ridícula posição. -Ah, está caladinho, porque gostou do espelho do teto, né? Realmente é lindo. E estes das laterais, também são enormes. A roupa de cama cheirosinha e que belezinha com estes dois corações aqui, um em cada fronha. Ah, Carlos Eduardo, tudo muito lindo! Liga o som querido - pede com jeitinho de quem vai fazer agora, a coisa definitivamente, deslanchar.

Então Carlos Eduardo, no embalo liga tudo: o som, o ar condicionado, a televisão...

-Não, Carlos Eduardo, filme pornográfico, não...
-Vera Regina, aqui não passa missa pela televisão. É motel !

-Está bem, se você gosta, não tem problema. Agora eu não sei porque esses caras botam legendas nestes filmes, se você só escuta: aaiiii , uuuiiiii, aaiiii, ooohhhhhh!
Para que legenda?

Vera Regina, segura, Carlos Eduardo, e o leva até a mesa onde estão os pratos e talheres.

Ela está encantada. Diz que a prataria é de primeira. As facas são importadas, abre o frigobar e vê que tem até pote de caviar.

- Está vendo Carlos Eduardo, esta suíte é realmente a Premium Gold, pois eu li naquele folheto que é a única que tem tudo que você precisa, para antes durante e depois.

-Vera Regina, já estamos a quase uma hora aqui dentro e nada.Você é lésbica?Não gosta de sexo, qual é a tua?

- Carlos Eduardo, você só pensa em sexo.Calma, deixa só eu ver se tem camisinha de Vênus na cômoda. Parece um animal tarado querendo acabar com a fêmea. Nossa!
-Carlos Eduardo, então parte para cima dela enfurecido e tira do bolso uma quantidade enorme de camisinhas, fazendo um leque com elas e diz:

-Agora chega, e jogando Vera Regina naquela imensa cama redonda, antes de calar-lhe e dar inicio aos trabalhos, ainda ouve:

-Oh, que delicia de cama.Como é macia! Com certeza e de pena de ganso. Já era tarde, pois Carlos Eduardo a emudeceu completamente com um beijo de língua, guardada o mais profundamente na boca de Vera Regina que agora tentava, desesperadamente, falar com os olhos e inutilmente, pois Carlos Eduardo iria independente da desconcentração da companheira, afogar com relativo atraso e merecidamente, o seu ganso!

DA TROMPA DE ESTÁQUIO À TROMPA DE FALÓPIO,OU SIMPLESMENTE BOLERO.




Quando a dança era sensual e romântica, os casais tinham a oportunidade de conversarem durante, por exemplo, um bolero.

Eram ritmos mais calientes e hora de haver uma comunicação efetiva e muito produtiva, pois o casal conseguia trocar frases de amor, tendo o ouvido externo como embocadura e a Trompa de Eustáquio, para dar passagem aos seus roucos, quentes e molhadas súplicas de paixão. Vamos explicar primeiro, para àqueles mais jovens e adeptos de ritmos mais agitados, como os funk da consagrada artista pátria: Tati Quebra barraco ou o funkeiro internacional: Lacraia, como é que se dançava bolero,

O bolero era dançado, com os corpos coladíssimos e cabia ao homem experiente, dar as chamadas “paradinhas”, muito comuns neste ritmo, e concomitantemente, enfiar uma das suas coxas entre as coxas da parceira.

Uma beleza!

Além desta enfiada de coxa, o homem dava-lhe uma suave empurrada para trás, apoiando-lhe carinhosamente, entre as pernas o que tornavava aquela “paradinha” um verdadeiro encontro entre as águas de um rio com as do oceano, fenômeno este conhecido como: Pororoca. Uma delicia!

Obviamente. Apesar de naquela época os homens usarem “suporte”, que como o próprio nome induz, suportava o crescimento do seu membro, além da cueca que eram todas" samba canção", mas mesmo assim, o aumento do volume na calça do homem era evidente.
Um constrangimento!

Pior era quando ele não usava o tal suporte nas partes baixas, então a música acabava, a dama o deixava, e às vezes para não ser pilhado em fragrante delito, o homem tinha que se sentar no meio do salão ou fingir que era aleijado, saindo quase abaixado do campo de batalha.



Desempenho de um experiente ator.
Principalmente – e este era o eterno perigo - se os familiares da moçoila estivessem admirando os dois meigos pombinhos e seus passos angelicais.

Nestas situações, sempre havia uma tia feia e maldita, para chamar a atenção dos pais da moça que o cara estava com o pênis ereto.

Às vezes havia um conflito e pancadaria generalizada, com cadeiras voando e palavras de baixos calões que, nem nas maiores torcidas do futebol brasileiro, costumamos ouvir.

Eram nestes episódios inenarráveis que a trompa de Eustáquio durante todo o tempo assimilava aqueles quentes gemidos masculinos e frases de amor repentinas que, efetivamente, eram quase declarações para uma cópula iminente e, lógico ,por mais contida que fosse a dama, sempre repercutia lá na Trompa de Falópio dela.

Eram tempos muito emocionantes, imemoriais e inesquecíveis!

Na modernidade, com estas danças que parecem corridas de cem metros, nas quais ,os casais na maioria das vezes começam juntos, naquela noite romântica, e só se encontram no dia seguinte,pois são tragados pela multidão ao som de bate-estaca.

As funções sensuais das Trompas de Eustáquio e da Trompa de Falópio eram também, muito valorizadas, pois além de sussurros quentes no ouvido, o casal ,quando o salão estava muito cheio, ia dançar bem lá no meio, longe das mesas que circundavam a pista e, então, ardentes beijos na boca eram dados, às vezes tão demorados, e com tantas "paradinhas" e mexidinhas que os cavalheiros começavam a tremer, como que estrebuchando, as pernas bambeando, sossegando em seguida, como se tivesse “aliviado”, daquele estresse libidinoso.
E, realmente estava!
A dama é que ficava um pouco contrariada.

Porém para sai r dali, os homens tinham, novamente grandes dificuldades e fingiam que derramaram algum liquido tipo cerveja ou cuba libre na altura do seu instrumento de trabalho, em face da evidente implosão ejaculatória masculina, acometida, durante aquele quiproquó dançante.

Como era romântico!

Quase que eu fiz medicina, no entanto, avaliei melhor e achei que ser ator era uma profissão mais apropriada, em função das minhas performances e experiências adquiridas como assíduo freqüentador dos bailes, onde só tocavam boleros.

"Bésame, bésame mucho,

Como si fuera esta noche la última vez..."