GERÂNIA E VALERIO.




Há quem defenda a tese de que a homossexualidade é inata. Outros têm ataque de apoplexia só de pensar na hipótese. A maioria, no entanto, não está nem aí para estas discussões acadêmicas e sob o titulo genérico de opção sexual, simplificam toda esta celeuma e sem nenhuma confusão. 

Tudo isto, remete meu pensamento a uma fase da minha adolescência na qual assisti a uma verdadeira dissimulação e, das mais hilariantes. 
Tinha um amigo, verdadeiro testicocéfalo -ou seja aquele homem que tem os testículos na cabeça - cujo único e derradeiro objetivo na vida, era transar com todas as mulheres que conhecia e vivia criando as mais engenhosas artimanhas, expressando-se através de inusitadas bazofias, mentiras e o escambau,tentando engabelar e levá-las para cama ou  até mesmo, locais menos confortáveis.
Um dia, uma brilhante ideia ocorreu-lhe: matriculou-se numa escola de balé. 

Isto porque, no lendário popular, pensava-se que todo bailarino era bicha, ou levava jeito, e que por esta razão as mulheres lhes facultavam todas as intimidades, até porque,teoricamente não deveriam ter  nenhum poder de fogo!

Travestido, escondido e aproveitando-se desta percepção social quanto à sexualidade inerente aos bailarinos, meu amigo passou a frequentar as aulas, e ser o centro obrigatório das atenções da sua turma aqui fora, pelo ao menos três vezes por semana, depois de sair do balé, ocasião na qual todos os detalhes eram contados para o delírio daquele bando de garotos.

Comentários tipo: -“ Hoje eu vi tanto peitinho que ganhei o dia”,” ou então, falava sobre as coxas, as bundas, enfim, garotas nuas tomando banho, se vestindo ou se despindo,  uma completa e fantástica vida que qualquer garoto daquela idade, acharia estar no paraíso!
Para tanto, era preciso cumprir, rigorosamente o protocolo dos  efeminados, seja na voz, nos três jeitos característicos e toda uma mis-na-cène característica e ter um texto bem decorado,condutas ensaiadas...recompensas muito boas.


No entanto, como macho que era, traía-se sempre através de uma ereção extemporânea e “indesejável” que sempre derrubava daquela montanha de fingimento.
Justificava, então para a menininhas boquiabertas que, era o frio, o calor,  a música, enfim justificavas é que não lhe faltavam.
Sentindo que não aguentaria suportar aqueles assédios por muito tempo, resolveu partir para o ataque, tipo ou tudo ou nada  e um dia,na porta do vestuário feminino, após quase todas as outras terem ido embora resolver abocanhar sua primeira vitima, num lance ousado de machismo explicito:
-Você é muito gostosa - diz para a estudante.
-Ih, Gerânia, teve uma recaída?- respondeu a bailarina incrédula.
  -Pára com isso. Meu nome e Marcos. Pode me chamar de Marcão. Isto me excita - dizia isso em tom de búfalo no cio.
-Olha Marcão, ta falando sério?
 -É lógico. Valério...
 - Já que é sério pode ir me chamando de Valério. 
- Certo, Valério, vou lhe dizer uma coisa. Desde que vi você, fiquei doidão.Valeria, Valério sei lá, eu não aguento mais!
 -Olha Marcão, deixa eu te dizer uma coisa: também estou na sua.
 - Então, já que é assim,me beija, Valério. Coisa gostosa "vamos que vamos", minha... 
 -Dá um tempo. Marcos.Estou,também na sua... farsa. Você fingindo ser gay e eu disfarçando que sou menina, mulher, fêmea. 
-Mas você, Valério,valeria... 
 -Marcão eu sou é lésbica. Gostamos da mesma fruta...
Só então Marcão descobriu que não era o mais inteligente dos homens e sentiu na carne a força daquele ditado popular que diz: 
-Quem com ferro fere com ferro será ferido.


7 comentários:

  1. kkkkkkkkkkk Ai Paulo que demais, bem feito pra ele...kkkkkkkkk. Bjus querido, adorei e ri bastante.

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    1. sabe Nàdia,

      quem se considera sempre o "mais malandro" , nunca percebe que outros,assim também podem agir ,e com mais competência.

      Expliquei ou compliquei?

      Um abração carioca.

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  2. Meu amigo!!!
    Tu me surpriendes a cada conto...kkkkk adorei.
    Confeço que no inicio achei a idéia boa boa mas no finallll

    que loucura...
    Parabens


    Sinval

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  3. e isso SINVAL,

    comecei escondendo o jogo, no início para vir com tudo no final kkk.

    Um abração carioca.

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  4. Bonito conto, Mestre! Auto-biográfico? (risos). Abraços!

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  5. OLÁ OLD EAGLE,

    bem que poderia , concorda? kkk

    Infelizmente, não apenas ficcional mesmo!

    Um abração carioca.

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  6. Dos ensaios e erros, nós vamos aprendendo a viver...
    Abraços

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