Theófilo Praxedes vivia angustiado e a ponto de perder a
cabeça com as maracutaias afetivas de sua companheira Lucia Helena.
Ele era um destes brasileiros pouco privilegiados pela sorte
pois era pobre , feio e vivia desempregado.
Já a sua companheira dotada de esplendorosa formatação física
parece só tinha errado era na casa que tinha entrado e optado por viver com o
dono dali,pois Theófilo Praxedes era sem dúvida, para ela o último dos piores
partidos daquela redondeza.
Lucia Helena era assediada descaradamente por gregos,
troianos, romanos e todos os microempresários da área como os laboriosos
padeiros,açougueiros, donos de bazares de um e noventa e nove,vagabundos de
plantão,enfim todo mundo queria numa linguagem chula mais verdadeira, comer a mulher
do pobre incauto.
No reino animal em geral, os machos predadores conhecem bem
qual deles pode ter proeminência sobre o outro e uma vez identificado a
fraqueza do opositor, o golpe fatal na sua caça ou na sua fêmea será
inevitável.
E neste cenário de confrontos o Theófilo Praxedes era mais
indefeso e vulnerável do que um mosquito na teia de uma astuta aranha.
Apesar de consciente de sua tragédia afetiva, costumava a
responder para todos os seus verdadeiros e fiéis amigos que o alertavam sobre a
excessiva generosidade da sua companheira ao ceder de forma total e irrestrita
aos assédios de terceiros, que a perdoava pois, ela era a mãe dos filhos dele!
E muitos dos seus amigos se emocionavam e iam às lagrimas
com o Theófilo Praxedes, diante daquela justificativa muito forte, sempre
acompanhada de inevitáveis solavancos e choros convulsivos pois, apesar de reconhecidamente
corno e assumido, interessava-se somente, em lutar para manter sua ninhada
debaixo do mesmo teto.
O fato de Lucia Helena ser a mãe dos filhos dele tinha mais
significado e força para Theófilo Praxedes que os maiores tsunamis, os vulcões mais
violentos e os mais devastadores dos maremotos .
Era o ônus de um fracassado perante a mãe dos filhos dele!
Revoltados, agora eram os próprios amigos dele que ,
passavam a engrossar a fileira interminável daqueles que também queriam dar uma
beliscada na Lucia Helena, numa espécie de histeria coletiva de punição e
vingança ao fraco Theófilo Praxedes e jamais encontravam nenhuma resistência às
suas invasões bárbaras ao território dos prazeres de Lucia Helena para cravar
sua espada!
No entanto, numa bela manhã de verão de um fim de semana
calorento, um dos seus amigos mais fiéis bate a sua porta e o convida para
tomar uma cerveja no bar da esquina, oportunidade na qual iria ter uma conversa
definitiva e esclarecedora com ele, porém Theófilo Praxedes nega ao convite
pois, Lucia Helena acabara de sair para ir a praia e o deixara sozinho com os
filhos dele.
Então frustrado e acometido de uma ira quase apoplética pela
tentativa inglória de tirar o corno daquele lodaçal , o amigo joga pesado e
dispara uma sentença premonitória na cara do Theófilo Praxedes ao afirmar com a
jugular inflada que, aquelas crianças não eram filhos dele.
E mais, conseguiria exame de DNA para que fosse constatada
aquela sua insinuação baseada em tristes evidências que todo mundo via com as
enormes lentes da verdade.
Apesar da resistência de Lucia Helena foram feitos os exames
e constados que, realmente nenhum dos filhos era dele.
O amigo então, sentiu-se com a certeza do dever cumprido e
por ter resgatado a verdade que poderia dar a Teófilo Praxedes a oportunidade
de respirar agora um ar menos poluído de traições e aceitar separar-se de um
corpo pecaminoso que tanto o humilhava naquela rua, naquele bairro e perante
todos.
Porém, para surpresa geral o traído continuava a não admitir
sair daquele covil de infidelidade conjugal, mudando agora a desculpa e as
razões dos seus argumentos em relação àquela situação degradante, pois se antes
não deixava Lucia Helena porque não teria coragem de afastar-se da mãe dos
filhos dele, agora afirmava que não teria nunca a intenção de abandonar a mãe
dos filhos... dela!
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