A MEDICINA DO PRAZER.


                                         


                                                                




Conheci uma boa médica. Até pensei que fosse muito esparadrapo para o meu curativo. Conversa vai, conversa vem e já estávamos no seu apartamento. 
Trocou o elegante jaleco de linho branco por uma sedutora lingerie preta. Desfez-se do estetoscópio. Um som, pouca luz e uma atmosfera propícia para uma demorada consulta.
 Que corpanzil. Não era grande. Era perfeito! Oh, o amor é lindo! Este é o tipo de mulher que jamais se preocupa se os homens irão ou não propiciar-lhes generosas e demoradas carícias,ao contrário de muitas outras que, chegam a fazer até passeatas em vias públicas, levando multidões a Praça da Sé ou a Candelária em comícios feminista pró-preliminares.
Aquele mulherão sabe que ninguém irá poupar-lhe uma extenuante preliminar. Seria o mesmo que pescar sem anzol. Coloquei-me a seus pés com humildade e o menor vestígio de machismo. Exorcizei qualquer possibilidade de ejaculação precoce, mantendo a ideia fixa na imagem do Paulo Maluf, nu na cadeia, dizendo-se inocente.
No entanto, durante uma das minhas mais irretorquíveis performances e uma empolgação de deixar comissão de frente de escola de samba com inveja, ouço um sussurrar rouco e quente, que dizia:
- Explore mais meus corpúsculos de Meissener. Não entre em estado de detumescência. Coisa gostosa! Hoje não vou ter dispareunia. Como é lindo o seu membro. Nenhum vestígio de doença de Peyronie.
                                                                     




-Epa! O que está acontecendo?- Inquiri, abandonando o parque de diversões.
-Amor, não pare - insistia.
-Já parei! - disse.
Olhamos demoradamente, um nos olhos do outro. Seu rosto era um misto de decepção e culpa. Lágrimas verteram de o seu verde olhar. Sua beleza então se tornou mais exuberante e sofrida. Resolvi partir para o diálogo:
-Você falou sobre doença de Peyronie no meu membro?
-Desculpe, eu estraguei tudo;
-Eu tenho ou não, este troço no meu membro?
- Não. Eu disse que era lindo e não tinha nenhum vestígio;
-E porque você falou nisso, logo naquela hora?
- Em geral os homens apresentam sempre alguma nuance da doença de Peyronie no membro;
-Mas que diabo é isso? Se não tenho, porque precisava falar. É alguma tara?



-Uma besteira. Desculpe.
-Agora explica o que é isso.
-Depois. Vamos continuar...
-Não. Que doença que eu não tenho e você falou, gratuitamente?
-É a fibrose da membrana albugínea que reveste o corpo cavernoso, determinando uma curvatura do eixo do pênis.
-Curvatura do eixo do pênis?
-Amor, o pênis fica torto para um dos lados e meio curvado...
-Parece que bateu de frente? Fica com a carroceria fora do centro e andando de lado (risos);
-Seu bobinho. Dá para quebrar o galho Até operar;
- Ainda bem. Dá para fazer uma lanternagem. E a tal da detumetendo?
-Não é detumetento (?) (mais risos).
-Você falou no meu ouvido para que eu não entrasse em estado de detumetendo;
-Estado de detumescência!
-E daí? Eu tô no maior rala e rola, querendo nota dez na performance e de repente você enfia esta coisa no meu ouvido;
- Foi mal!
-Dá pra explicar?
Detumescência e a redução da inchação dos corpos cavernosos, quando o pênis retorna à condição de flacidez.
-Amolece?
-É;
-Você notou que eu estava broxando?
-Não, pelo contrário...
-Então porque falou?
-É esse vicio de análise diagnóstica;


-Você quando tira o jaleco, deve também tirar da cabeça estas coisas. E depois aquele tal de corpúsculos...
-De Meissner?
-E eu com isso?
-Eu pedia que você explorasse bem meus corpúsculos de Meissner. São corpúslos da pele responsáveis pela percepção do tato...
-Porque não pediu em português normal: amassa, morde,arregaça, vai fundo...
-Pois é, estava tão gostoso, meu amor. Você realmente caprichava naquelas preliminares que nós adoramos. Aí estraguei tudo, com aquele palavreado que lhe assustou. Esquece.
-Ainda não. Você fala estes tsunamis no meu ouvido, agora explica, pois, soou como um soco na minha trompa de Eustáquio.
Dispareunia é quando a mulher na hora do coito sente dor.
- Dor?
-É uma doença. Eu disse que não ia sentir dispareunia desta vez.
-Ainda bem, afinal nós viemos aqui para sentir prazer ou dispareunia?
-Pois é agora vamos voltar para aquelas maravilhosas preliminares que você estava me proporcionando seu desbravador. Só falta o ponto G!
-Tudo bem, mas lhe peço um favor doutora, em homenagem a Hipócrates, fica só gemendo. Tá certo?
 -Prometo!

Um comentário:

  1. Eu ando meio parado, mas sou paraquedista
    e já fiz salto de 15 mil pés de altura e por
    isso me acho macho pra caráio, quer dize, me
    achava até ver esses caras na rede sem se
    balançando e sem nenhuma proteção que não
    seja a falta de vendo.
    Um abração de novo, Paulo e, tamojunto.

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